sexta-feira, 18 de junho de 2010



Ficha limpa vale para outubro e já antecipa efeitos para sucessão municipal de Manga em 2012

Os ex-aliados Humberto e Quinquinha (foto) estarão fora da disputa em 2012. Futuro de Haroldo também é incerto e quadro aponta para possível renovação




O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu na noite da quinta-feira pela validade da lei do Ficha Limpa para políticos condenados antes de sua promulgação. O entendimento deixa em maus lençóis políticos candidatos que tenham sido condenados por decisão colegiada. Há ainda a janela entreaberta do chamado efeito suspensivo. O que isso quer dizer? Que um político qualquer condenado por colegiado pode recorrer também a outro colegiado, que irá dar ou não o efeito suspensivo que pode reconduzi-lo ao jogo eleitoral ainda em 2010.

Pela Lei, são inelegíveis políticos condenados por crimes eleitorais (compra de votos, fraude, falsificação de documento público), lavagem e ocultação de bens, improbidade administrativa, entre outros. O projeto Ficha Limpa foi sancionado pelo presidente Lula no início do mês e é resultado de iniciativa popular que obteve em um abaixo-assinado 1,6 milhão de assinaturas.

Se pegar, o que é sempre uma incógnita no Brasil, a Lei vai produzir efeitos também na ainda distante sucessão municipal de 2012 no município de Manga. É que o ex-prefeito Humberto Salles (PTB), dono de eleitorado resiliente e fiel, fica de fora da sucessão do prefeito do município, Quinquinha Sá (PPS). Salles, que carrega no currículo a particularidade de ter sido cassado em duas ocasiões, tem condenação de colegiada, a 8ª Turma Tribunal de Justiça mineiro, no processo em que foi acusado de desviar recursos públicos destinados à saúde. O Ficha Limpa, por sinal, pode antecipar o fim da carreira política de Salles, atualmente com 58 anos.

A novidade é que 2012 pode repetir 2008, quando velhos caciques da política manguense foram alijados do processo sucessório. O próprio Humberto ficou de fora porque trocou de partido após o prazo definido pela Justiça eleitoral. O ex-prefeito por dois mandatos Haroldo Bandeira (PMDB), que sonhava voltar ao cargo, teve suas pretensões atropeladas não por decisão judicial, mas pela manifesta má vontade do eleitorado para com o seu nome. Resultado: a última eleição local foi disputada por nomes novos na cena política.

Como há jurisprudência que impede o atual prefeito, Quinquinha Sá, de disputar a um terceiro mandato, já que ele assumiu o cargo após o impeachment de Humberto Sales a 20 meses antes do final daquele mandato, a promessa é de ventos novos também para quando 2012 chegar. Ninguém fala nisso abertamente em Manga, mas o assunto já anima postulantes ao cargo de prefeito.

Nomes como os dos médicos José Cecyvaldo Ribeiro e Cândido Dourado, além de Henrique Fraga, que disputou e perdeu a última eleição, são ventilados porque já sonhariam com as possibilidades que a saída de cena definitiva dos políticos tradicionais podem oferecer. Mas não é só. O vice-prefeito Adalberto Pereira da Silva não esconde a pretensão de governar o município. Ainda no campo governista há um balão de ensaio com o nome da secretária de Educação, Fabrícia Mota, que pode vir a ser uma espécie de Dilma do prefeito Quinquinha.

Sem prejuízo de aparecer novas candidaturas folclóricas, casos do advogado Hélder Mota e de Adailton Silva, que deram uma aparência de pluralidade de opções na última eleição. Além, claro, de Haroldo Bandeira, que não tem nenhum impedimento que o impeça de voltar a concorrer, a não ser, claro, a falta de entusiasmo que seu nome evoca no humor do eleitor. O quadro acima, por óbvio, pode e deve mudar consideravelmente e surpresas não estão descartas. De concreto mesmo, o fato de que Humberto Salles deixa a cena sem conseguir atingir a marca diferencial na política local que pretendia, e que seu potencial e inteligência fariam supor. Que venham os fichas limpas e novas.

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