Agência do Banco do Nordeste em Montalvânia pode fechar por falta de dinheiro

A empresa Prossegur deixou de suprir a agência com o numerário por conta do péssimo estado de conservação da BR-135

A economia do município de Montalvânia, no extremo Norte de Minas, corre o risco de parar por um motivo bem prosaico: a agência do Banco do Nordeste do Brasil, a única da cidade, pode ficar sem notas de real para realizar para realizar operações de pagamento e abastecimento dos caixas eletrônicos. Em ofício enviado ao prefeito José Aparecido Lisboa, o gerente de agência, José Maria Acypreste, informa que não tem numerário suficiente para pagar os salários do mês de maio para os funcionários públicos municipais.

A Prefeitura depositou o valor de R$ 416.052,88 na conta dos servidores, mas o banco alega que não tem como realizar os pagamentos para quem normalmente retira o dinheiro em espécie. Na carta enviada ao prefeito, o gerente diz que em razão da precária situação de tráfego da BR-135 – no trecho entre Manga/Montalvânia (na imagem acima, de Manoel Freitas, do início deste ano) a empresa Prossegur Transportes de Valores, deixou de suprir a agência bancária de dinheiro suficiente para realizar os pagamentos e demais operações que envolvam com o uso do papel-moeda.

O gerente José Maria avisa ao prefeito que, a partir desta semana, vai priorizar os pagamentos das aposentadorias a beneficiários do INSS. “Até que nossa reserva se esgote, e, daí em diante, até que a situação se normalize, esta agência estará impossibilitada de realizar outros pagamentos, o que, por certo, causará grandes transtornos ao nosso município e aos circunvizinhos”, escreveu o gerente do BNB no comunicado à Prefeitura.

O Banco do Nordeste alega que fez vários contactos com a transportadora de valores para resolver a situação, mas que até agora não conseguiu resposta satisfatória. A gerência em Montalvânia diz que não vê outra solução a não ser fechar as portas da agência após o pagamento dos beneficiários do INSS se uma solução emergencial não for encontrada. “A agência não pode ficar aberta sem dinheiro”, justifica o gerente.

Saída perigosa

O gerente da agência chegou a propor ao prefeito uma providência arriscada: a cessão de veículo do município para realizar o deslocamento de 64 quilômetros até a agência do Banco do Brasil na vizinha cidade de Manga. Escoltados pela Polícia Militar local, funcionários do Banco do Norte fariam o saque no BB e retornariam a Montalvânia para depositar o dinheiro no cofre da agência do BNB. O prefeito José Aparecido recusou a proposta, por considerá-la muito arriscada em razão do farto histórico de assaltos na rodovia que separa os municípios.

Enquanto o Banco do Nordeste não resolve o problema, os comerciantes da cidade começam a ficar aflitos. A avaliação é de que, não demora muito, os efeitos da falta de dinheiro pode afetar a economia local. Montalvânia é um dos municípios mais isolados do Estado de Minas Gerais e a não há a tradição do uso de meios de pagamento mais modernos como os cartões de crédito e débito ou transações via internet e celulares.

O Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit) já liberou recursos para manutenção emergencial na BR-135. A empresa responsável pelos serviços já está na região, mas não há previsão de quando o trecho entre Manga e Montalvânia será liberado.

Um grupo de cerca de 30 motoristas paralisou o tráfego na estrada na altura do povoado de Monterrei há pouco mais de um mês em protesto contra as péssimas condições da estrada. Enquanto a solução não vem, o jeito será o cochanino retirar da gaveta a velha folha de cheque para ir levando a vida.