GELÉIA GERAL

Polêmica Jarbas Vasconcelos acaba com o Carnaval

A celeuma em torno da entrevista do senador pernambucano Jarbas Vasconcelos (PMDB) à revista “Veja” não tem gás para durar até a quarta-feira da semana que vem – que é de cinzas como sabemos todos. Como sabe também o atento leitor deste Blog, a entrevista do senador às páginas amarelas da revista da Editora Abril movimenta o disse-que-disse do mundo político nacional desde o último sábado, quando a publicação foi às bancas por, entre outras coisas, Jarbas Vasconcelos ter disso que o PMDB é um "partido sem bandeiras, sem propostas nem norte" e que a maioria dos seus integrantes "quer mesmo é a corrupção".

Na contramão do que acontece nessas ocasiões, o senador pernambucano não para de falar para a imprensa e diz que não retira uma vírgula do que falou. Falou e tá falado. Vasconcelos não se limitou a lavar a roupa suma do PMDB (que não é pouca). A metralhadora giratória de Jarbas disparou também contra o governo Lula. "[O governo Lula] é um governo medíocre. E o mais grave é que essa mediocridade contamina vários setores do país. Não é à toa que o Senado e a Câmara estão piores. Lula não é o único responsável, mas é óbvio que a mediocridade do governo dele leva a isso", disse o senador. Sobrou até para o Bolsa Família, a menina dos olhos do lulo-petismo, que Jarbas diz ser “o maior programa oficial de compra de votos do mundo."

Nada de novo no front. Sabemos todos que, salvo as boas exceções de praxe, rouba-se neste país a torto e a direito. Aliás, não fosse a corrupção ser fato endêmico por aqui, talvez o povo fizesse jus ao seu quinhão de tanta riqueza que há em terras brasileiras. A mídia tenta fazer do “start” do senador Jarbas Vasconcelos o moto para um grande debate nacional sobre nossos (péssimos) hábitos na política. Vai dar em nada e as reações do PMDB e do próprio governo Lula demonstram isso. O Palácio do Planalto não comentou e o velho PMDB de guerra não tem moral para expulsar o senador nem argumentos convincentes para desmenti-lo.

Houve um tempo em que o PT faria um escarcéu em torno do assunto. Agora, seus líderes entram mudo e saem calados de cena. Fica cada qual com seu lote no governo e a vida segue em frente. Jarbas chutou o pau da barraca e não falta quem veja nisso um cálculo eleitoral: ele prepara sua saída da cena peemedebista para ser o vice do governador de São Paulo, José Serrar (PSDB) na sucessão presidencial de Lula. Qualquer brasileiro com um mínimo de senso crítico assina embaixo das palavras do senador.

Mas o Carnaval vem chegando, já tem gente batucando... Esse negócio de ética dá um trabalhão. O escândalo do mês passado logo, logo será esquecido por um de maior repercussão e o Brasil não muda. O Jarbas de hoje é o Lula de ontem, que diagnosticou no Congresso mais de 300 picaretas e nada fez do que alimentar a sanha dessa gente quando a oportunidade se fez presente. É triste, mas é mesmo assim.