DOMINGUEIRA

De volta a Brasília

Retorno a Brasília ainda a tempo de pegar o rescaldo da repercussão da eleição de José Sarney e Michel Temer, ambos do PMDB, para os cargos de presidente do Senado e da Câmara Federal, respectivamente. O velho PMDB de guerra afia as garras para tentar influir na sucessão de 2010, sempre em segundo plano, mas nem por isso menos decisivo para os rumos da República.
E o mais engraçado nisso tudo é que o partido contou com a ajuda do PT no caso de Temer e da omissão mais que oportuna de Lula no Senado. Tudo em meio às denúncias de acordos inconfessáveis e o indecente rateio dos cargos da mesa diretora.

O que já era péssimo ainda alcançou a graça de piorar com a escolha do ex-novo corregedor da Câmara dos Deputados, Edmar Moreira (DEM-MG). O deputado que construiu aquele castelo no interior de Minas Gerais, com 32 suítes com hidromassagem, torres de oito metros e avaliado em R$ 25 milhões. O deputado Moreira representa a mais fina flor do baixo clero que domina os labirintos do nosso Congresso. Além de responder a processo no Supremo Tribunal Federal por crime contra o patrimônio e apropriação indébita previdenciária do dinheiro surrupiado de seus funcionários, o deputado possui histórico incomparável de passar a mão na cabeça de seus colegas caídos em desgraça por falta de decoro e por envolvimento em crimes diversos.

Não faltou no episódio lamentável do ex-futuro-corregedor da Câmara nem mesmo a saia justa do cacique Rodrigo Maia (DEM-RJ), que veio a público com ameaças de expulsão para o dono Castelão depois que a sua triste folha corrida já ocupava as páginas de todos os jornais. Hummm...

Outro fato da semana foi o balanço Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o já manjado recurso a que o governo midiático do presidente Lula lança mão sempre que precisa colorir com tintas de otimismo o cenário nacional. Ao fazer um balanço dos dois primeiros anos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo anunciou investimentos que chegam à casa do trilhão. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, foi a porta-voz da novidade. Com acréscimo de R$ 142,1 bilhões para as obras previstas até 2010, o total passa a somar R$ 1,1 trilhões. Com isso, o presidente Lula terá R$ 646 bilhões para os próximos dois anos.

Uma curiosidade é que esses R$ 142 bilhões é valor semelhante ao que o governo para em juros para honrar o chamado serviço da dívida. Desnecessário recordar que Lula não tem esse dinheiro para investir e confia, veja o leitor, nas empresas estatais e na iniciativa privada. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, rebateu, na terça-feira, algumas críticas da oposição de que o PAC é apenas uma jogada de marketing do governo federal. Pode até não ser, mas se o tal PAC estivesse mesmo a pleno vapor não teríamos previsões tão sombrias de desaceleração da economia para 2009. Dá-se a ironia de que o plano para acelerar a economia teve efeito contrário após a crise financeira que corre mundo.

Para a semana que começa, a expectativa é para a chegada de cerca dos cerca de 4.000 prefeitos, que estarão em Brasília para o encontro nacional que o governo federal nos dias 10 e 11, no Centro de Convenções Ulisses Guimarães. Lula vai exorcizar a crise para a platéia de gestores municipais e, para não ficar só no blá-blá-blá, já há promessas do anúncio de facilidades no pagamento de dívidas atrasadas com o INSS.

Além de Lula, a estrela da festa deverá ser a pré-candidata a presidente Dilma Roussef, que ganha palanque qualificado para vender a imagem de mãe do PAC e de solução para o Brasil do pós-Lula. A conferir.