sexta-feira, 20 de março de 2009

DE TIRAR O SONO

Mudança de humor

O leitor aqui do blog com algum interesse no noticiário sobre Manga certamente acompanhou post anterior em que o jornalista Fábio Oliva dá conta de que o prefeito daquele município, Quinquinha Sá (PPS), bota a boca no trombone contra os rigores do INSS quando o assunto é a arrecadação dos tributos devidos à previdência social. O assunto não é novo, mas vale um comentário. Quinquinha retoma o discurso, que havia abandonado após ser reeleito para o atual mandato, o de imputar aos seus antecessores a culpa pelas dificuldades da administração.
O texto de Oliva informa ao eleitor manguense que o esqueleto de R$ 10 milhões herdados por Quinquinha em dívidas com o próprio INSS, além da Cemig e Copasa – respectivamente as estatais da energia elétrica e do saneamento básico – está do mesmo tamanho, senão um pouco maior, do que estava há dois anos. Recordo que, em entrevista a este blog, logo após ter assumido a vaga aberta com a cassação do ex-prefeito Salles, Quinquinha fez referência a um débito de R$ 7 milhões.
O que nos leva à conclusão de que o prefeito de Manga, quando reclama da dificuldade em conseguir recursos da esfera federal, de certa forma toma uma medida preventiva, uma espécie de vacina mesmo, para as eventuais críticas que a sua administração possa enfrentar daqui para frente. Há sinais claros de mudança nos humores da opinião pública local com a sua performance. A notícia de que o prefeito pode reduzir salários do funcionalismo local contribui para reduzir a aprovação popular que ajudou o a derrotar os três grupos políticos que o enfrentaram nas urnas em outubro do ano passado (a saber, o deputado Paulo Guedes, do PT, e os ex-prefeitos Haroldo Bandeira, PMDB, e Humberto Salles, sem partido).
Mas não é só isso. A administração perdeu o excelente ritmo que conseguira imprimir durante o período de 20 meses que Quinquinha substituiu Humberto Salles, afastado em maio de 2007. O ambiente agora é mesmo outro com estouro da crise financeira mundial. A arrecadação dos municípios cai mês a mês devido à queda dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e demais transferências obrigatórias.
A grita do prefeito é porque já ficou claro que não dá para cumprir as promessas de campanha com recursos próprios. É preciso buscar convênios com os governos estadual e federal. Com o Estado a coisa é fácil. Já com a União, a onça bebe água porque é necessário apresentar o “nada consta” de débito com o INSS. O município tem verbas aprovadas na Caixa Econômica Federal para a construção de um pavilhão para realização de feiras, além de obras de urbanização nas localidades de São José das Traíras e Cachoeirinha. São conquistas do tempo em que o prefeito e o deputado Paulo Guedes se bicavam. A verba nunca saiu e o obstáculo é tal certidão do INSS. A manchete de Fábio Oliva não deixa dúvidas, o assunto é mesmo para tirar o sono do prefeito. Sem a verba dos convênios, seu governo caminha para uma invevitável paralisação.

Falar em crise, o prefeito de Januária, Maurílio Arruda (PTC), recuou a tempo da queda-de-braço com o funcionalismo do seu município. Ele havia afastado 440 servidores temporariamente, mas voltou atrás e firmou acordo com o sindicato da categoria para reintegrar os demitidos há coisa de 10 dias. A medida ameaçava deixar a nova administração em maus lençóis com a opinião pública, além de ter sido rejeitada pela Justiça.

As receitas do município de Januária com o FPM caíram 6,3 % em fevereiro na comparação com o mês anterior. O blog não tem os números de Manga, mas não deve ter sido diferente. Caso Quinquinha vá mesmo adiante com a intenção de cortar salários dos servidores, deve enfrentar as mesmas dificuldades do colega Arruda em Januária. É a crise que mostra sua face mais perversa. Os problemas aumentam e a arrecadação vai na direção oposta. É mesmo de tirar o sono. Quinquinha em seu benefício até aqui o fato de demonstrar ser um gestor cuidadoso da coisa pública. O momento exige tal postura.

Um comentário:

Anônimo disse...

Um esclarecimento: o prefeito de Manga não vai reduzir o salário dos servidores de maneira indiscriminada. Reduzirá apenas o seu próprio salário, o do vice, secretários e ocupantes de cargos em comissão. O restante do funcionalismo será poupado. A medida vigorará por 4 meses. Se nesse período as transferências governamentais voltarem ao normal, a medida poderá ser revogada. Se não, haverá redução do número de cargos.

 
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