quinta-feira, 19 de março de 2009

CÂMARA ALTA

Ruídos na base

A queda de braço entre o PMDB e o PT que agita ora os bastidores do Senado Federal e, a cada dia, fica patente ser resultado da eleição do senador José Sarney (PMDB-AP) para a Presidência da Casa, pode estar perto do fim. É que as denúncias que não tiram o Senado das manchetes ameaçam chegar àquele limite em que não há vitoriosos. Tião Viana (PT-AC) perdeu a eleição para Sarney no início do mês de fevereiro e hoje responde, nos jornais, à denúncia de que cedeu um telefone celular do Senado para uma filha que estava em viagem internacional ao México. O celular não tem limites para uso e Viana, agora que o caso veio à luz, garante que vai pagar a conta.

A denúncia contra Tião Viana seria resposta de Renan Calheiros (PMDB-AL), de quem é desafeto desde o episódio Mônica Veloso, ao escândalo das passagens cedidas pela senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) para que parentes seus visitassem Brasília, vindos de São Luis. Renan é escudeiro do presidente Sarney, que não teria gostado de ver o nome da filha nos jornais e atribuiu a denúncia ao PT de Tião Viana como retaliação pela derrota recente.

Fiquemos por aqui, só nos fatos recentes. Mas há ainda o caso rumoroso das horas extras pagas durante o recesso do mês de janeiro e a demissão do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia, que escondia da Receita Federal uma mansão aqui em Brasília avaliada em R$ 5 milhões. Depois veio a demissão do ex-diretor de Recursos Humanos da Casa João Carlos Zoghbi. Homem de confiança de Sarney, Zoghbi foi obrigado a renunciar à diretoria depois de divulgada a informação de que o apartamento funcional requisitado por ele, que tem casa própria, era utilizado por seu filho.

Mordido com a denúncia do uso irregular do celular do seu gabinete, o senador Viana promete jogar farinha nos ventiladores de Sarney e Renan. Mas deve ficar só na ameaça, pois, como é da praxe nacional, quando a lavagem de roupa suja ameaça o status quo é hora de acenar com a bandeira branca. Agastado com os estragos na imagem do Senado, Sarney acena com a demissão de metade dos 131 diretores da Casa (sim, o Senado tem 131 diretores em cargo comissionado). A briga vai chegar ao fim. Uma pena, porque ela mostrou um pouco a que nível chegou nosso Parlamento que perdeu de vez a noção de que existe para servir ao bem público.

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