sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Tudo a declarar, nada a declarar


MANGA - A campanha eleitoral para a escolha do sucessor do atual prefeito de Manga ainda não decolou, segue sem novidades ou atrativos. Até aqui, os candidatos dedicam-se à árdua tarefa de bater pernas em busca de apoio e votos de um eleitor ainda reticente. Uma sucessão meio sem graça, em que os candidatos se limitam a estudar os passos dos adversários com o objetivo não declarado de adiar a mais não poder o momento de colocar a mão no bolso para os inevitáveis gastos de campanha. A proibição de realizar shows artísticos até que ajuda.

Sem nada de novo no front, é nas declarações de patrimônio que os candidatos enviaram à Justiça Eleitoral que estão algumas curiosidades dignas de registro sobre a campanha política local. Manga, como se sabe, tem cinco candidatos na disputa para o cargo de prefeito. Para a eleição proporcional, aquela em que serão escolhidos os vereadores para a próxima legislatura, há um total de 84 candidatos em busca das boas graças do eleitor.

Dentre os concorrentes ao cargo de prefeito, o candidato Quinquinha Sá (PPS), da coligação "Unidos por Manga", formada por 10 partidos, foi o que declarou o maior valor de patrimônio ao cartório eleitoral local. Quinquinha Sá, que tenta a reeleição, é dono de bens e participação em empresas que somam R$ 362,5 mil. O atual prefeito de Manga declarou dois lotes no perímetro urbano da cidade que não chegam a somar R$ 2 mil, bem abaixo da média praticada no mercado imobiliário local.

Quinquinha tem ainda participação em cinco empresas com valor estimado em R$ 229 mil. Estimado é mesmo o termo exato, porque sua participação societária na empresa Transportes Fluviais Oliveira Ltda. está cotada em risíveis R$ 999,32. Esse valor é inferior ao faturamento da balsa Ninfa da Índia em uma única manhã de bom movimento na travessia do rio São Francisco entre os municípios de Matias Cardoso. Para não falar do próprio valor da embarcação e do valor de mercado da outorga para exploração do serviço.

O escopo da exigência eleitoral talvez não seja mesmo o de mostrar quão rico ou não é o candidato, mas apenas registrar um rol de seus bens para o fim meritório, sim, mas inútil de saber se houve evolução patrimonial durante a permanência do eleito no cargo. Os candidatos não são obrigados a atualizar os valores dos seus bens o que, na prática, transforma numa peça de ficção as declarações entregues à Justiça Eleitoral.

Esse tipo de preocupação não ronda o imaginário de boa parte dos candidatos. São os que informaram não ter nenhum bem como patrimônio. É o caso de Adailton José da Silva (PRP), da coligação "Nasce um novo dia para Manga", que se autodenomina como locutor e radialista. Adaílton, que concorre ao cargo de prefeito, alega não ter o que declarar e pode ser considerado o candidato mais espartano na disputa pela prefeitura local.

70 bois nelore

Na outra ponta, o candidato com maior valor declarado é o empresário Ducílio Possidônio Bezerra (PPS). Dono de um conhecido supermercado na cidade, ele declarou bens que somam R$ 398 mil, em que são incluídos, além de fazendas e imóveis, o curioso lote de 70 bois da raça nelore. Ducílio disputa uma vaga na Câmara Municipal local.

O veterano Haroldo Bandeira (PMDB), da coligação “Dignidade e competência”, que foi prefeito em duas ocasiões consecutivas (1997-2004), declarou R$ 270,5 mil de patrimônio. Bandeira, que não costuma ir nem à padaria da esquina sob as próprias pernas, não declarou automóvel na sua lista de bens, que tem como item mais vistoso uma fazenda avaliada em R$ 159.312,29. Assim mesmo, com centavo e tudo. Principal adversário do prefeito Quinquinha Sá, ele não tem poupado críticas ao adversário a quem quer colar a pecha de ser impopular, por estender apenas as pontas dos dedos durante os cumprimentos, e de ser o "candidato dos ricos".

Apoiado pelo deputado estadual Paulo Guedes (PT) e pelo ex-prefeito Humberto Salles (sem partido), o candidato Henrique Fraga (PP), da coligação “Força jovem”, informou à Justiça Eleitoral ser o dono de dois imóveis, um deles que abriga a casa em que mora, com valores estimados em R$ 65 mil. Um dos mais realistas dentre os candidatos a prefeito.

Já o advogado Hélder Mota (PT do B), sem coligação, cuja participação na disputa empresta à sucessão um clima meio circense, declarou ser proprietário de veículo utilitário Ford EcoSport e uma casa que, somados, totalizam R$ 85 mil.

Saber o patrimônio de cada candidato não é informação muito relevante em um município em que todo mundo conhece todo mundo. O assunto não deve entrar na pauta dos debates eleitorais. Mas a tecnologia está aí. O eleitor que quiser saber mais sobre quem declarou o quê pode acessar o site do TSE e conferir no www. tse.gov.br. Para quem quiser ir direto à página, clique aqui.

O registro vale como curiosidade de como a legislação por vezes caminha ao largo da realidade. É fácil perceber que alguns candidatos omitem bens e não falta (não se afirma aqui que é o caso de Manga) quem tenha bens em nome de terceiros, a instituição já nacional do “laranja”. O eleitor, claro, não perde nada em ficar atento. Mentir na declaração de bens não é o melhor cartão de visita que um candidato possa oferecer ao seu eleitor.

2 comentários:

Anônimo disse...

intiresno muito, obrigado

Anônimo disse...
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